O Papel da Cirurgia Plástica na Recuperação de Vítimas de Violência Doméstica
- Mariana Goldstein
- 24 de jul.
- 3 min de leitura

A violência doméstica é um problema grave e persistente no Brasil, afetando milhares de pessoas todos os anos. Além das feridas emocionais, muitas vítimas sofrem danos físicos significativos que podem deixar cicatrizes, assimetrias, deformidades e sequelas funcionais. Nesse contexto, a cirurgia plástica reparadora desempenha um papel essencial ao promover a reconstrução física e ajudar na recuperação emocional.
Panorama da violência doméstica no Brasil e a demanda por reconstrução
Uma pesquisa divulgada em novembro de 2025 aponta que 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar no ano — reforçando a magnitude e a frequência desse problema no país¹.
Em 2024, o Brasil registrou 1.450 casos de feminicídio — assassinatos de mulheres motivados por sua condição de gênero — conforme relatório do governo².
Também em 2024, foram registrados 71.892 estupros de mulheres² — o equivalente a cerca de 196 casos por dia, segundo dados oficiais³.
Apesar de algumas reduções no índice de homicídios dolosos em âmbito geral, os dados de violência contra a mulher continuam elevados e a demanda por apoio — incluindo reconstrução física e emocional — permanece muito alta.
Esses números mostram que, infelizmente, a violência de gênero segue sendo uma questão crítica no Brasil. E quando há agressões físicas, as consequências muitas vezes se estendem para cicatrizes, traumas corporais, perda de função, deformidades — situações em que a cirurgia plástica reconstrutiva pode se tornar uma necessidade real, terapêutica e reparadora.
Reconstrução além da estética
Quando falamos de cirurgia plástica para vítimas de violência doméstica, o objetivo principal não é estético: é reparador. O foco é restaurar tecidos danificados, reconstituir áreas atingidas pela agressão e, quando necessário, recuperar funções prejudicadas. Procedimentos comuns incluem:
Correção de cicatrizes complexas
Reconstrução facial após fraturas ou traumas
Tratamento de queimaduras
Reparação de tecidos moles
Restauração funcional de estruturas prejudicadas

Esse conjunto de técnicas permite não apenas melhorar a aparência, mas também devolver conforto, mobilidade e qualidade de vida.
O impacto emocional da reconstrução
As marcas físicas, muitas vezes, funcionam como gatilhos emocionais e lembranças constantes da violência vivida. Ao suavizar ou remover essas marcas, a cirurgia reparadora pode ajudar:
a reduzir sofrimento psicológico,
a melhorar a autoestima,
e a promover sensação de renascimento e autonomia.
Para muitas vítimas, olhar no espelho sem reviver o trauma é um passo fundamental para a reconstrução da própria história.
Atendimento humanizado e multidisciplinar

O tratamento de vítimas de violência doméstica exige uma abordagem sensível e integrada. Além do cirurgião plástico, psicólogos, assistentes sociais, médicos de outras especialidades e equipes de enfermagem trabalham juntos para garantir acolhimento completo. A escuta ativa, o respeito, o sigilo e a empatia são pilares fundamentais durante todas as etapas do atendimento.
Por que a cirurgia plástica é essencial nesses casos
Contribui para a reintegração social da vítima.
Ajuda a reduzir o impacto psicológico das agressões.
Melhora a autoestima e a qualidade de vida.
Auxilia na recuperação funcional do rosto, membros ou pele.
Atua como parte do processo de reconstrução simbólica — física e emocional.
A cirurgia plástica reparadora, nesses contextos, não é apenas um procedimento médico: é um
instrumento de dignidade.
O Santa Sara Day Hospital oferece uma estrutura acolhedora e preparada para receber mulheres que passaram por situações de violência. Nossa equipe atua com sigilo, respeito e sensibilidade, garantindo um atendimento humanizado desde o primeiro contato. Contamos com profissionais experientes em cirurgia plástica reparadora, além de suporte multidisciplinar para orientar, cuidar e acompanhar cada paciente de forma individualizada.

Nosso compromisso é proporcionar um ambiente seguro, ético e acolhedor, ajudando a paciente a dar um passo importante no processo de reconstrução física e emocional.
Referências
DataSenado. Pesquisa Nacional de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – 2025. Divulgação: 24 de novembro de 2025.
Ministério das Mulheres. Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (RASEAM) 2025. Disponível em: Agência Brasil – Empresa Brasil de Comunicação.
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2025). Compilado nacional de indicadores de violência, incluindo agressões, feminicídios e violência de gênero. Fonte: Ministério Público do Rio Grande do Sul – resumo institucional do anuário.
Sá, C. et al. Underreporting of Intimate Partner Violence in Brazil (2025). Estudo internacional que analisa o alto índice de subnotificação da violência doméstica no país e seus impactos sociais. Disponível em: arXiv.
Gonçalves, M. et al. Fight like a Woman: Domestic Violence and Female Judges in Brazil (2024). Artigo que discute o papel da atuação judicial feminina no enfrentamento da violência doméstica. Disponível em: arXiv.


